Para a realidade de muitos soteropolitanos, o ano acabou de começar. Nesta quarta-feira de cinzas, dia 05 de março, todas as ações projetadas no réveillon de 2025 farão sentido agora. A intensidade que se vivencia o carnaval, principalmente o de Salvador, é uma expurgação daquilo que não se quer (em todos os sentidos existenciais) para aquilo que se deseja. Se eu for analisar todos os sorrisos inebriantes em alegria presentes na festa, acredito que teremos um ano excepcional.
Como bom soteropolitano, amante do carnaval, sempre desejo que a fantasia seja eterna: a fantasia de um mundo repleto de danças coreografadas (ou não), de pulos e mãos ao alto (quase pedindo ao céu a permanência do estado de alegria), de paqueras e azarações (sem importunação), de diversidade como consciência coletiva e de respeito à felicidade individual.
Saí alguns dias nos principais percursos: Barra, Ondina e Campo Grande (nesta respectiva ordem). Logo na Barra, na sexta, vi a saída de Claudia Leitte, no Blow Out; a chegada de Anitta em seu terceiro carnaval em Salvador, puxando o trio da Beats; presenciei o (re)início do Bloco Cheiro, com a nova vocalista; e tombei com “o verão bateu em minha porta” e, sem pestanejar, abri. Dei de cara com Ivete, seu primeiro dia no carnaval. Que potência de cantora. Foi inebriante e um pouco angustiante com o empurra-empurra já habitual. Parece que todos estavam à espera dela (e não duvido disso). Acompanhei a cantora até o Morro do Gato.
Pausa para descanso? Nada! Sábado foi em Ondina. Foi um dia bem tranquilo, pois optei por ficar em um lugar estratégico para ver os trios passarem. Vibrei em consonância a todos que estavam naquele espaço. A diversidade musical fala por si só: do Axé Music (celebrando 40 anos) ao pagode baiano. Por tudo isso, gosto do carnaval que aglomera e vibra por uma mesma causa: a felicidade.
Domingo foi de camarote. Segunda foi dia de descanso para repor as energias e terça, último dia, tive de prestigiar o circuito original, o Campo Grande. Foi intenso e prazeroso: há vida nesse circuito que abraça o folião e desfere energias salutares aos artistas que por lá passam. Dia incrível, como pessoas incríveis e incrédulo que era o desfecho de uma semana de festejos.
O soteropolitano se despede do carnaval no Arrastão da quarta-feira de cinzas. Sempre associo o Arrastão como um movimento de pressa, como um empurrão que impulsiona o final do carnaval para que chegue logo o próximo, no ano seguinte.
Ser de Salvador e festejar a principal festa da cidade é uma honra que celebro e agradeço. Ser soteropolitano, no carnaval, é uma dádiva. Que me desculpe Ivete, mas a energia (de) gostosa é a alegria por vivenciar o melhor carnaval do mundo. É a Bahia.